quinta-feira, 2 de julho de 2009

considere-se um mundo com um homem no centro. considere-se que não se trata de um homem qualquer mas de um humanista puro. considere-se este um homem perfeito. considere-se que não há conflito semântico entre os vocábulos homem e perfeito – ou seja, ignore-se a antítese. ignorando a antítese é-se forçado, consequentemente, a ignorar todos os lexemas com significado, ainda que remotamente, ligados ao conceito de posições opostas. ignore-se, portanto, as palavras oxímoro, antónimo, desavença, conflito. poder-se-ia forçar o esquecimento da guerra e seus sinónimos. assim seja. consequência: este homem no centro do mundo, sendo perfeito, aperfeiçoou-o. de repente, um mundo antropocêntrico deixou de ser uma ideia renascentista, logo, arcaica. missão: encontrar o homem perfeito. matá-lo.

3 comentários:

Anónimo disse...

suicida-se a perfeição perante o espelho porque uma imagem existe. a morte é cíclica. o mundo deprime-se e vomita outro homem. perfeitamente tangível.

Heyk disse...

tiago,

me diverti. gostei. Li em voz alta como se fosse uma voz do dono, como chamamos os que narram documentários. E adorei. Ri no fim e gostei dos enlaces, das sequências, de uma tentativa de texto cognitivo, racional, que tenta se desvencilhar dos problemas semânticos que ele mesmo apresenta. Legal

tiago sousa garcia disse...

miguel, a quem interessa a perfeição?

heyk, esta super-racionalização apaixona-me. este texto não passou de um pequeno exercício, que, ainda assim, serviu os meus propósitos.

obrigado aos dois pelos comentários.

um abraço,

tsg.