(Juan Muñoz)
Nascendo com as cores
da fuligem, edifico-me
na espessura do choro
que emprenha as letras.
Apagarão o meu nome em breve. De que vale
uma árvore bela
se está
plantada no lugar da ausência? O meu
odor é a desilusão
e tu não estás a ser tudo. Despenho-me
em ti, rapariga do sul. E já não cantámos,
passámos pelo sorriso sorrateiramente
quando tudo nos obrigava a parar
e contemplar. Passámos pela ascensão,
pela expressão, e fica apenas o sotaque
das nossas
pegadas.
Terás perdido o encanto? Terei ficado
aborrecido excedendo
cadavérico,
homem-esquelético rasgado
no arame farpado do amor
circular? Sei a resposta
desde que fomos nascendo
da fuligem
para a inábil maneira
de viver com a cabeça
desamparada de competências.
Esquece o poema, inala o cheiro
vertente dos meus olhos e morre
na pele da minha
garganta. Extinção do
hostil eco.
******
pedro s. martins
6 comentários:
Gosto de te ler, enquanto o texto -o teu, através dos teus olhares atentos- se despenha dentro de mim, causa o calafrio comum, que torna inútil dividir mundo em hemisférios.
Sobre as incompetencias, acrescentos inabilidades...fogo ou água sempre em descontrolo..
(escuto o teu eco faz hoje um bilião de anos. é-te ancestral o correr do poema..)
"esquece o poema"
admito, tudo o que for metalinguagem conquista-me.
cheers
Como podemos achar tanta beleza mesmo em meio a dor e a solidão?
Como podemos ser inspirados e inspirar ainda que com saudades de alguém?
Como é complexo ser gente!
como é maravilhoso.
Fico cada dia mais fascinada pelo ser humano que parece mais alma do que qualquer outra coisa!
O amor nos impulsiona de fto;a viver ;a sofrer e também ser feliz ainda que com saudades ou com dores de garganta!rs
Gostei de estar aqui!
Lembrou-me um amigo das rosas que segundo ele não falavam!rsrs
no arame farpado do amor
circular? Sei a resposta
desde que fomos nascendo
da fuligem
para a inábil maneira
de viver com a cabeça
desamparada de competências.
Impecable!
Muito obrigado.
pois, não dá é para esquecer este poema. muito bom.
Enviar um comentário