(mark ryden)
Esta estrada vai até à crispação
da beleza. Fôlego ante fôlego sinto
o final dos teus olhos. Toco-os
com a suavidade da chama
que se desfaz de púrpura em alaranjada.
Perco o alumiar da vida na metáfora
da chama. Tudo
se calcina depois
do poema: espelhos, carne e o terror
do finito arrepio cantante onde
vou escondendo o sentir-te.
De coração aceso, desço
à polpa desta perda. Defendo-me
com as artes que fui aprendendo
ao longo do tempo e a voz
é engodo
e o pensar curva em artéria. Sobram
os olhos.
Os olhos que me fizeram
seguir a estrada na abertura do poema
e agora são receptores
a um novo mundo
deglutido. Nele,
defendo-te o bárbaro casulo
para onde migraste.
Morreste de uma maneira soberana. Dois anos;
nove anos? Sete anos e todas as luas
ainda matas
quem te procura no final da estrada.
Morro de cabelo frio e cara exaltada há todo
esse tempo!
Ainda não me habituei à ideia
que a minha partida final
será só.
*******
pedro s. martins
4 comentários:
Morre com canetas e esferográficas nas veias
Magnífico!
Muito bom.
Obrigado a todos.
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